19 janeiro 2009

Balada da Neve





Este tempo que se vê pela janela, é Invernia, só me traz à cabeça um dos mais conhecidos poemas portugueses. Ou melhor, parte do poema, já que duvido que haja muita gente que já o tenha ouvido na íntegra...
Escrevo, como alguns já entenderam, da Balada da Neve, de Augusto Gil.

Batem leve, levemente,
Como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
E a chuva não bate assim.

É talvez a ventania:
Mas há pouco, há poucochinho,
Nem uma agulha bulia
Na quieta melancolia
Dos pinheiros do caminho...

Quem bate, assim, levemente,
Com tão estranha leveza,
Que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
Nem é vento com certeza.

Fui ver. A neve caía
Do azul cinzento do céu,
Branca e leve, branca e fria...
-Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!

Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho,
Passa gente e, quando passa,
Os passos imprime e traça
Na brancura do caminho...

Fico olhando esses sinais
Da pobre gente que avança,
E noto, por entre os mais,
Os traços miniaturais
Duns pezitos de criança...

E descalcinhos, doridos...
A neve deixa inda vê-los,
Primeiro, bem definidos,
Depois, em sulcos compridos,
Porque não podia erguê-los!...

Que quem já é pecador
Sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
Porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!...

E uma infinita tristeza,
Uma funda turbação
Entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na Natureza
- e cai no meu coração.

Do Poeta - Augusto Gil

Mais uma vez este Blog foi premiado

Este selo foi oferecido pela Eliana Gerânio Honório do Blog Espaço Mensaleiro, Blog que merece a visita de todos os amigos.

O selo com que o Jardim de Urtigas foi premiado por Tossan do Blog klic tossan Blog de Poesia e de belíssima e refinada fotografia.

9 comentários:

Paula Barros disse...

Eu nunca tinha lido, nem ouvido. Até um dia que um lindo amigo deixou um trechinho para eu ler.

Nunca vi a neve, só de falar morro de frio. Aqui está um calor medonho.

Muito bonito o poema. Também não entendo o sofrimentos das crinças.


abraços

Zani disse...

Amei o recado q vc deixou em meu blog!!!
Bjs

Zani disse...

Amei o recado q vc deixou em meu blog!!!
Bjs

Eliana Gerânio Honório. disse...

Tem uma lembrancinha para você
lá no Espaço Mensaleiro.

Muitas felicidades!

Anónimo disse...

é imprensão minha ou vc esta mudado? anda diferente. me mande um e-mail meu querido, me conte as novidades.

bjosss...

FERNANDINHA & POEMAS disse...

QUERIDO CARLOS, BELÍSSIMO POEMA DE AUGUSTO GIL, TENS RAZÃO NÃO ME LEMBRAVA DELE TODO... MUITO BONITO... UM GRANDE ABRAÇO DE CARINHO E TERNURA,
FERNANDINHA

mundo azul disse...

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Eu já conhecia o poema, mas, fazia tempo que não o lia... É muito bonito!

Obrigada pela partilha!


Beijos de luz e o meu carinho...

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Vivian disse...

...mimocionei!!

que lindo, meu Deus!

Urtiga tbm é sentimento...rss

bjusss

ex-controlador de tráfego aéreo disse...

Olá Jardineiro!

Rapaz, que lindo poema.

Vou buscar um pouco mais do poeta, por enquanto valeu a leitura.

Um abraço fraterno!!!

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